As eleições municipais de 2012, pelas circunstâncias nas quais se realizaram, foram um teste significativo para a base política do governo da presidenta Dilma Rousseff. O Partido Comunista do Brasil analisa essa extensa batalha, procura extrair lições e apontar perspectivas. E, ainda, examina seu resultado específico e traça caminhos para seguir ganhando força crescente.
O contexto da disputa
As eleições transcorreram num clima de acirrado confronto político, contudo, favorável às forças democráticas e progressistas.
Em que pese os impactos da crise mundial do capitalismo sobre o país, a presidenta Dilma Rousseff e seu governo tiveram crescente aprovação popular devido às medidas adotadas para fazer frente às adversidades. Ao todo foram mais de dez “pacotes” de conteúdo expansionista e não de austeridade, como a significativa redução da taxa básica de juros, os esforços para garantir um câmbio favorável à economia nacional, a desoneração fiscal e as medidas para manter a oferta de empregos. O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva retomou sua ação política, colocando sua liderança a serviço de seu partido e das forças aliadas. Beneficiada por este quadro e pela sequência de êxitos nos pleitos precedentes, a base do governo lançou grande número de candidaturas com possibilidades de sucesso.
Por sua vez, a oposição formada pela trinca PSDB-DEM-PPS – prisioneira de ideias programáticas que fracassaram no mundo e no Brasil, e debilitada pelas derrotas anteriores – teve ao seu socorro o poderio do sistema de oposição que, além dos citados partidos, é constituído pela plutocracia reacionária, pelo conservadorismo das camadas enriquecidas da classe média e pelo poder mistificador do monopólio dos meios de comunicação de massa.
Sobretudo nas metrópoles, tucanos e agregados realizaram suas campanhas no “vácuo” do intenso e intermitente bombardeio midiático lançado contra o núcleo de sustentação do governo, especialmente visando a golpear a credibilidade do PT, macular a liderança do ex-presidente Lula e, por extensão, desmoralizar a imagem do conjunto das forças avançadas. Nesta operação, usaram e seguem a utilizar o julgamento da Ação Penal 470 em curso no Supremo Tribunal Federal (STF), carimbado de “mensalão” pela grande mídia. Este julgamento, pela sua importância, é analisado em outro documento do PCdoB. Aqui, cabe destacar, que ele se iniciou, indevidamente, entremeado com o calendário eleitoral e sob forte pressão da grande mídia que, a priori, já havia condenado e mesmo promovido o linchamento público dos réus. Em prejuízo do Estado democrático de direito, a maioria do STF deixou-se contaminar por essa diretriz que exige a inescapável condenação dos acusados, mesmo com a inexistência de provas.
Algumas das principais decisões do julgamento foram proclamadas nos momentos cruciais do primeiro e do segundo turno, fato que favoreceu a oposição e açulou os ânimos do conservadorismo.