Notícias do Portal Vermelho

5 de jun. de 2012

A humanidade na incerteza - o caminho é o socialismo



Por José Rodrigues *

O capitalismo suplantou todos os sistemas de produção até então erguidos pela humanidade e em seu lugar edificou um modo de produção altamente complexo, com um dinamismo incontido para o alcance de uma consciência coletiva fundada em concepções econômicas, filosóficas e políticas, a partir de seus ideários, para um processo de dominação sobre as massas trabalhadoras.

Mas de acordo com o marxismo, o capitalismo trás em sua essência uma contradição fundamental, entre o caráter social da produção e o caráter privado da apropriação, trazendo assim em sua essência os germes de seu perecimento pois conduz a um antagonismo irredutível entre as duas classes principais da sociedade capitalista: a burguesia e o proletariado.

Outro problema que acentua essa contradição é que o sistema capitalista não garante meios de subsistência à todos os membros da sociedade. Pelo contrário, é condição do sistema a existência de uma massa de trabalhadores desempregados, que Marx chamou de exército industrial de reserva, cuja função é controlar, pela própria disponibilidade, as reivindicações operárias.




O conceito de exército industrial de reserva derruba, segundo os marxistas, os mitos liberais da liberdade de trabalho e do ideal do pleno emprego. A produção capitalista exige sempre tecnologia mais avançada, e cada inovação introduzida no plano produtivo engendra incontida exclusão social. Alarga sempre mais o abismo entre exploradores e explorados.

Os ideólogos do capitalismo também não levaram em consideração que as necessidades biológicas naturais dos homens não podem ser contidas pelos elementos da superestrutura, mas que são materiais e satisfeitas pela absorção de elementos de ordem material, assim sendo, a fome que assola milhões de humanos pelo planeta não será contida pela extensão e intensificação dos elementos ideológicos sustentadores da impiedosa exploração capitalista.

Já há algum tempo os encantos do capitalismo, refletidos nas sociedades européias e na norte americana encontram-se num processo de degenerescência. Lênin já advertia dos riscos da concentração do capitalismo, em sua etapa superior, os oligopólios concentrariam cada vez mais a riqueza nas mãos de um grupo cada vez menor de capitalista. Dados atuais mostram que existem no mundo, uns 112 milhões de pessoas com mais de um milhão de dólares disponível para investimentos. Eles são apenas 0,6% do total entre os sete bilhões de habitantes do planeta, mas controlavam em 2009 62% (39 trilhões de dólares) do PIB mundial (63 trilhões de dólares em 2009).

As sociedades equilibradas da Europa, que durante algumas décadas vivenciaram o estado de bem estar social, espelhos dos grandes feitos da humanidade nos campos da filosofia, da economia, da política e do pensamento científico em todos os seus terrenos, iniciam suas pegadas pelos caminhos de 2012 com mais de 20 milhões de desempregados, situação que se agrava quando trata-se de trabalhadores com menos de 25 anos. O desemprego entre a juventude foi superior a 22% na União Européia, afetando a perspectiva de 5,6 milhões de jovens.

Nos Estados Unidos, o desemprego em 2011 foi de 8,5%,os mais afetados são os jovens onde a taxa chegou a 18%. A abundância do império deu lugar a mais de 50 milhões as pessoas em situação de extrema pobreza. Entre eles 16 milhões de menores de idade que em alguns dias não tem o básico para se alimentar. Todo esse quadro de calamidade sustenta-se na lógica de um número cada vez menor de capitalistas que mandam na economia do mundo e apropriam-se do trabalho de milhões de trabalhadores e da riqueza por eles produzida.

Os povos levantam-se em protestos, por todos os cantos do planeta vozes ecoam contra a atual situação que atravessa a humanidade, movem-se pela necessidade de afirmar novas perspectivas, nas ruas e praças, manifestações cada vez maiores exigem emprego, pão, educação, saúde e querem o fim dos privilégios ao capital.

As vozes dos despossuídos e excluídos da atual lógica do capitalismo causam arrepios aos que concentram cada vez mais a riqueza e também podem estar anunciando o advento de um novo tempo, um tempo pra além da linha de tempo do capitalismo e que Marx, em 1846 deu indicativos em seu livro a "Ideologia Alemã": "Esta 'alienação' - para que a nossa posição seja compreensível para os filósofos - só pode ser abolida mediante duas condições práticas. Para que ela se transforme num poder 'insuportável', quer dizer, num poder contra o qual se faça uma revolução, é necessário que tenha dado origem a uma massa de homens totalmente 'privada de propriedade', que se encontre simultaneamente em contradição com um pequeno mundo de riqueza e de cultura com existência real; ambas as coisas pressupõem um grande aumento da força produtiva, isto é, um estágio elevado de desenvolvimento."

Para Marx esse poder insuportável levaria ao colapso do capitalismo e à revolução do proletariado com a tomada do poder pelos proletários e a substituição do capitalismo pelo socialismo. O rumo é outra sociedade, justa, igualitária, com propriedade coletiva, pertencente a todos, o socialismo.

O processo contraditório do capitalismo e suas crises acentuadas indicam que pode estar chegando ao fim um lento e prolongado parto da história. O capitalismo não apresenta mais condições de resolver os problemas sociais e políticos que assegurem a convivência entre os povos, nem impedir o crescimento da miséria que alcança grande parcela da população da terra.

O quadro dramático vivenciado pela humanidade com a atual crise do capitalismo, por si só, não indica elementos suficientes para superação do capitalismo por um modelo de sociedade superior. Engels considerava como condição necessária à passagem ao novo regime social não só a existência das premissas materiais da sociedade futura, mas também dos homens e das mulheres, que serão os únicos a possuir a força e vontade para chamar à vida esta sociedade nova e melhor.Tais pessoas necessitarão de um elevado grau de consciência , de uma vontade inabalável e de energia revolucionária.

O marxismo demonstra também que o desenvolvimento da consciência dos trabalhadores deve ter correspondência com o desenvolvimento da ciência social e da teoria revolucionária. Aqui o Partido tem papel preponderante como fomentador da consciência social e portador da consciência revolucionária. Cabe a ele difundir a teoria revolucionária, ganhar o conjunto da população para compreender os fenômenos da sociedade.

O Partido, armado dos princípios revolucionários, deve ser o intérprete e o condutor das mudanças. É necessário reunir as qualidades indispensáveis ao cumprimento de sua missão histórica. A necessidade de nosso tempo histórico exige a ampliação das fileiras do Partido para alcançar as grandes massas, os trabalhadores, os camponeses, os democratas, os patriotas, a juventude, as massas populares atiradas à miséria, enfim, os despossuídos da massa de capital concentrada nas mãos de uma minoria de capitalistas. E afirmaremos os ensinamentos de João Amazonas: "Assim será o século XXI. Em seus começos, haverá sombras e luzes, mais sobras do que luzes. Depois, o quadro se inverterá. A humanidade viverá tempos de grandes esperanças."

* Professor de Filosofia e membro da Comissão Política Estadual do PCdoB - MG

Fonte: Portal Vermelho/MG